O PRINCÍPIO DA LEI
15/08/2012 15:52Lucas 6:2
E alguns dos fariseus lhes disseram: Porque fazeis o que não é lícito aos sábados?
Devocional
A principal dúvida de cada religião consiste em saber se está agradando ou não ao seu “Deus”. Sim! Para muitos esta é a preocupação porque a partir disto decorre toda a benção ou maldição possível. Se houver um agrado da divindade a benção será derramada, mas se não houver agrado a maldição será inevitável.
Para os judeus agradar ao Senhor dependia da observância da Lei, a expressão do padrão moral comportamental. Acontece que nesta observância os judeus acabaram errando, pois interpretaram erradamente a verdadeira vontade do Senhor e o sentido real da Lei.
Para não cometermos o mesmo erro dos judeus precisamos olhar para a Lei com o melhor foco e colocá-la em prática com a certeza da aprovação do Senhor. Para isso precisamos descobrir o princípio da Lei e interpretar cada situação de acordo com o princípio da Lei.
De acordo com Jesus o princípio da Lei é: Para fazer o bem não existem regras. Não quer dizer que os fins justificam o meio, pois ninguém pode roubar um mercado com o objetivo de matar a fome de alguém. Isso quer dizer que para fazer o bem algumas coisas podem ficar de lado, coisas que em outros momentos podem ter um significado e uma relevância.
Para interpretar a Lei de acordo com este princípio devemos pelo menos interpretar da seguinte forma:
1. Interpretar com o coração, com amor – a Lei não é uma regra fria e sem sentimentos, mas a expressão do amor de Deus. Logo, é o coração o grande olho para interpretação da Lei de Deus;
2. Interpretação dura e insensível transforma o que é lícito em ilícito e o ilícito em lícito - Julgar todos os casos de uma única forma, com frieza e calculismo sem levar em conta o bem pode se tornar um grande engano.
3. Interpretar levando em conta o Senhorio de Cristo - Jesus está acima da Lei. Ele não precisa prestar conta de sua obediência á Lei. O feitor da Lei está acima da Lei.
Para ilustrar bem estas verdades lembremo-nos do episódio deste capítulo. Jesus exercia uma atividade no sábado. Havia um item na Lei que proibia certas atividades no sábado. Ao ser acusado pelos judeus Jesus ensina o princípio da Lei dando exemplo do rei Davi, que comeu os pães da proposição, algo proibido pela Lei. Jesus instrui que os judeus deveriam ser como Davi e interpretar corretamente a vontade de Deus. E não se esqueça, para o bem não existe regra.
Comentário
v. 1: Lucas estabelece estreitas ligações entre uma narrativa e outra conseqüente usando expressões como “Aconteceu que”, “Sucedeu que”, “Naqueles dias”, “E” estabelecendo uma seqüencia ordenada do ministério de Jesus. O primeiro episódio deste capítulo fala sobre a lei do sábado e suas aplicações para os judeus e para Jesus.
v. 2: Para os judeus não era lícito qualquer homem trabalhar no sábado. A interpretação literal dos judeus referente a Êxodo 20.10 foi repreendida por Jesus quando mostrou que a lei deveria ser corretamente interpretada da mesma forma como Davi o fez (v. 3) ao comer os pães da proposição, o que também seria ilícito, pois apenas os sacerdotes poderiam comê-lo (Lev 24.9). A grande verdade é que os religiosos faziam e fazem muito bem ainda hoje é transformar o lícito em ilícito e o ilícito em lícito. Portanto, cada caso é um caso distinto e deve ser julgado de forma distinta.
v. 5: Jesus demonstra ser o Senhor do sábado, ou seja, Ele está acima das Leis e podendo não obedecê-las, Ele obedece para nos dar o exemplo.
v. 6: Em outro sábado Jesus dá uma grande lição a respeito deste erro dos judeus: É lícito fazer o bem no sábado, este é o princípio e a correta interpretação referente a Lei do sábado. As vezes a religião torna ilícito o que é lícito e lícito o que é lícito, por isso precisamos sempre de um intenso relacionamento com Deus para sabermos que caminho trilhar.
v. 13: Depois desta polêmica do sábado Jesus escolhe 12 dos discípulos para serem apóstolos, ou seja, o apostolado não veio apenas depois da ascensão de Jesus, mas ainda durante à sua vida. O verdadeiro sentido da palavra apóstolo é alguém que recebeu a comissão e autoridade explícita daquele que enviou, mas sem capacidade de transmitir seus atributos a outros. E foi o que de fato aconteceu, os apóstolos não nomearam sucessores, apenas Matias para substituir e não suceder Judas.
v. 14: Bartolomeu, filho de Tolmai, filho de Ptolomeu. Se chamava também Natanael.
v. 15: Zelote era um partido político dentro do judaísmo que não aceitava a autoridade humana e romana. Esperavam um Messias político.
v. 16: Na escolha de Jesus o escritor faz referência que Judas era o traidor. Isso porque o livro foi escrito posteriormente ao acontecimento, ou seja o autor já sabia que Judas era o traidor porque já haviam se passado quase 35 anos do acontecimento.
v. 17: É interessante que mesmo tendo oposição na Judéia, de lá vinham também pessoas crentes em Jesus. De acordo com o versículo seguinte eles vinham para ouvir e serem curados. O sermão e o local são parecidos com o da montanha, mas não o são.
v. 30: Jesus ensina: dá a todo que te pede. Jesus mostra que a bondade vai além do raciocínio. Dá a todo e não apenas quem merece, pois se você dá apenas a quem merece nenhum mérito há nisso.
v. 31: É a regra áurea do Evangelho, fazer aos outros o que desejas que faça com você. Não é no sentido negativo como “não fazer”, e no sentido positivo, “fazer”, porque é mais difícil fazer o bem do que não fazer o mal. Jesus então nos desafia, nos convida para um caminho mais estreito, mais difícil, mas certo.
v. 33: Neste ensejo Jesus diz que não há mérito em amar e fazer bem para com nossos amigos, pois até os maus agem desta forma, antes devemos amar e fazer o bem aos amigos e também aos inimigos, aos imerecedores.
v. 34: Nisto Jesus toca na questão do dinheiro, onde então somos mais desafiados. Ele ensina que se temos dinheiro para emprestar devemos fazê-lo mesmo tendo a certeza que o outro não pagará. Seria o amor cego? Irracional? Ou seria realmente esta a verdadeira visão e razão da vida?
v. 36: Jesus nos coloca diante de Deus para imitarmos a Ele. Assim como Ele é misericordioso, devemos nós ser também.
v. 37: Quando fala que não devemos julgar é no sentido de censurar com o propósito de destruir a reputação e levar ao desprezo o caráter de outrem. Os julgamentos por motivos de vingança pertencem a Deus.
v. 42: Quanto ao erro Jesus nos ensina que antes de ajudar o outro a se consertar, devemos nós primeiro vermos se precisamos de ajuste, pois como ajudaremos o próximo se ainda não resolvemos os nossos próprios problemas.
v. 45: Jesus ensina também que não salvos pelas obras, mas pela fé, porém demonstramos nossa fé através de nossas obras. O bem gera o bem e o mal gera o mal assim como a árvore boa dá bons frutos e a má dá maus frutos. A boca então apenas externa o estado interior.
v. 46: De quem Jesus é Senhor? De quem lhe chama de Senhor ou de quem lhe obedece como Senhor? Não adianta reconhecer e chamá-lo de Senhor se não o obedecemos como Senhor.
v. 47: Quem pratica os ensinos de Jesus é prudente. É comparado ao homem que construiu a sua casa na rocha e veio o rio contra ela, mas não a abalou. O rio simboliza o juízo de Deus, ou seja, apenas quem pratica os ensinos de Jesus será salvo da ira de Deus. Mas aquele que ouve e não pratica é tolo e quando vier o rio a casa vai cair e sua alma não será salva.
Pr. Thiago S. da Rocha
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